Esgasgos frequentes no Parkinson | Disfagia: Sintomas e Tratamentos
- Ariely Teotonio Borges

- 13 de ago.
- 3 min de leitura
Sentir que a comida “trava na garganta”, engasgar com líquidos ou demorar mais do que o normal para mastigar e engolir pode ser um dos sinais silenciosos da Doença de Parkinson.
Essa dificuldade de engolir, chamada de disfagia, afeta boa parte dos pacientes em estágios mais avançados e, muitas vezes, passa despercebida até trazer complicações mais sérias.
Neste texto, você vai entender o que é a disfagia na Doença de Parkinson, como ela se manifesta e quais são as opções de tratamento.
O que é disfagia?
Disfagia é o nome dado à dificuldade de deglutição, ou seja, dificuldade para engolir alimentos sólidos, líquidos ou até mesmo a própria saliva. Ela pode ocorrer por diferentes motivos, incluindo doenças neurológicas como o Parkinson.
Em pessoas com Doença de Parkinson, a disfagia acontece principalmente porque os músculos responsáveis pela mastigação e deglutição ficam mais rígidos, lentos ou descoordenados.
Por que a disfagia acontece na Doença de Parkinson?
A Doença de Parkinson afeta o controle motor, e isso inclui também os movimentos involuntários e automáticos do sistema digestivo.
À medida que a doença evolui, os sinais nervosos que coordenam o ato de engolir tornam-se menos eficientes, provocando:
Lentidão nos movimentos da língua
Diminuição do reflexo de deglutição
Coordenação prejudicada entre mastigação, respiração e engolir
Tudo isso aumenta o risco de engasgos, aspiração de alimentos para os pulmões e desnutrição.
Quais os sintomas de disfagia no Parkinson?
Alguns sinais podem passar despercebidos no início, mas merecem atenção. Veja os principais sintomas de disfagia:
Engasgos frequentes com líquidos ou sólidos
Sensação de “comida parada” na garganta
Tosse ou pigarro durante ou após as refeições
Perda de peso sem causa aparente
Voz molhada ou alteração na fala após comer
Aumento do tempo para terminar uma refeição
Infecções respiratórias repetidas (como pneumonia por aspiração)
Se você ou alguém da sua família tem Parkinson e apresenta um ou mais desses sintomas, é fundamental conversar com o médico.
Quais os riscos da disfagia?
A disfagia pode parecer apenas um incômodo no início, mas traz riscos sérios à saúde se não for tratada:
Aspiração pulmonar: quando alimentos ou líquidos entram no pulmão em vez do estômago
Pneumonias de repetição
Desidratação e desnutrição
Isolamento social por medo de engasgar em público
Comprometimento da qualidade de vida
Por isso, identificar e tratar a disfagia de forma precoce faz toda a diferença na evolução do quadro.

Como é feito o diagnóstico da disfagia?
O diagnóstico é clínico, feito durante a consulta neurológica com base na queixa do paciente e em testes específicos.
Além disso, exames complementares podem ser solicitados, como:
Videofluoroscopia da deglutição (exame em vídeo com raio-X)
Endoscopia digestiva alta
Avaliação fonoaudiológica especializada
Esses exames ajudam a entender qual etapa da deglutição está comprometida e guiar o plano de tratamento mais adequado.
Como é o tratamento da disfagia no Parkinson?
O tratamento é multidisciplinar e deve ser personalizado conforme os sintomas de cada paciente. As abordagens mais comuns incluem:
🗣️ Fonoaudiologia
O fonoaudiólogo é o profissional que ajuda a reabilitar a deglutição com:
Técnicas de fortalecimento muscular
Treino de posturas seguras para engolir
Adaptação da consistência dos alimentos
Orientações para reduzir riscos de engasgo
🍲 Adaptação alimentar
Texturas mais pastosas ou espessadas (para evitar engasgos)
Redução de alimentos secos e farelentos
Refeições menores e mais frequentes
Evitar falar enquanto come
💊 Ajuste da medicação antiparkinsoniana
Avaliar o horário da medicação para que coincida com os períodos de melhor controle motor
Evitar tomar remédios com alimentos difíceis de engolir, se possível
👨⚕️ Monitoramento contínuo
Avaliações regulares para ajustar as estratégias de cuidado
Investigação de infecções ou perda de peso
Quando procurar ajuda?
Sempre que houver engasgos frequentes, alteração no peso, tosse durante as refeições ou mudança no padrão alimentar.
Mesmo que a pessoa com Parkinson ainda não tenha queixas, é importante conversar sobre disfagia com o médico, pois a intervenção precoce é o que traz os melhores resultados.
Sou Dra. Ariely Teotonio Borges, médica neurologista, e trabalho junto com cada um dos meus pacientes, utilizando estratégias que os ajudem a melhorar sua rotina e qualidade de vida.
Fontes:
Parkinson’s Foundation – Swallowing and Parkinson’s
Mayo Clinic – Parkinson’s Disease and Swallowing
National Institute of Neurological Disorders and Stroke – Dysphagia
PubMed – Dysphagia in Parkinson’s Disease: a Systematic Review





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