Epilepsia: o que não pode comer?
- Ariely Teotonio Borges
- 23 de jul.
- 3 min de leitura
Alguns alimentos podem interferir no controle das crises epilépticas. E quando o assunto é epilepsia, essa é uma dúvida comum: será que existe algo que eu como que pode piorar as crises?
Neste texto, você vai entender como a alimentação pode influenciar a epilepsia, quais cuidados valem a pena adotar no dia a dia e o que a ciência já sabe sobre o assunto.
A alimentação pode interferir nas crises epilépticas?
Sim. Embora a alimentação não seja a causa da epilepsia, certos alimentos e substâncias podem, em algumas pessoas, facilitar a ocorrência de crises. Isso não significa que todo paciente com epilepsia precisa seguir uma dieta restrita, mas entender esses gatilhos alimentares é importante para ajudar no controle das crises.
Além disso, algumas abordagens dietéticas específicas, como a dieta cetogênica, vêm sendo estudadas como forma de tratamento complementar para alguns tipos de epilepsia.
O que evitar se você tem epilepsia?
Não existe uma lista universal, mas os seguintes pontos merecem atenção:
1. Cafeína em excesso
Estimulantes como café, chá preto, refrigerantes à base de cola e energéticos podem, em algumas pessoas, aumentar a excitabilidade do cérebro. Isso não significa que todo paciente com epilepsia deve cortar completamente a cafeína, mas é importante observar se há alguma relação entre seu consumo e a frequência das crises.
2. Bebidas alcoólicas
O álcool é um conhecido gatilho para crises epilépticas, especialmente em grandes quantidades ou quando há abstinência repentina após consumo frequente. Mesmo em pequenas doses, o álcool pode interferir na eficácia dos medicamentos anticonvulsivantes.
3. Açúcar em excesso
Altas cargas glicêmicas e picos de glicose podem interferir no equilíbrio neurológico de alguns pacientes. Isso é mais evidente em crianças e adolescentes com epilepsias de difícil controle. Uma alimentação com excesso de doces, refrigerantes e carboidratos refinados pode ser prejudicial.
4. Aditivos alimentares e ultraprocessados
Corantes artificiais, conservantes e glutamato monossódico (presente em muitos temperos prontos e snacks) estão sendo estudados como possíveis desencadeadores de crises em pessoas sensíveis.
5. Jejum prolongado e desidratação
Ficar muito tempo sem comer, pular refeições ou não se hidratar corretamente também pode favorecer crises, especialmente em pacientes que tomam medicação em horários fixos.
Existe uma dieta ideal para quem tem epilepsia?
Em alguns casos, sim. A dieta cetogênica é uma estratégia alimentar rica em gorduras e pobre em carboidratos, usada principalmente em crianças com epilepsias refratárias, que não respondem bem aos medicamentos. Ela altera a forma como o cérebro usa energia, reduzindo a atividade epiléptica.
Existem ainda variações, como a dieta de Atkins modificada e a dieta de baixo índice glicêmico, que também têm sido estudadas em adultos.
Importante: essas dietas só devem ser feitas com acompanhamento médico e nutricional especializado.

O que é importante lembrar?
Cada pessoa com epilepsia pode reagir de forma diferente aos alimentos. O que desencadeia crises em uma pessoa pode não ter nenhum efeito em outra. Por isso, manter um diário alimentar e observar possíveis padrões pode ser uma boa ideia.
Evitar o álcool, manter uma alimentação equilibrada, dormir bem, tomar os remédios corretamente e cuidar da saúde emocional são atitudes que, em conjunto, ajudam muito a reduzir o risco de crises.
Sou Dra. Ariely Teotonio Borges, médica neurologista, e trabalho junto com cada um dos meus pacientes, utilizando estratégias que os ajudem a melhorar sua rotina e qualidade de vida.
Fontes:
Mayo Clinic – Epilepsy: What not to eat
Johns Hopkins Medicine – Dietary Therapy for Epilepsy
PubMed – "Ketogenic Diet in Epilepsy: Mechanisms and Clinical Evidence"
NHS – Epilepsy and lifestyle
Epilepsy Foundation – Diet and nutrition
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