Epilepsia e direção: quem pode dirigir e quais são as regras
- Ariely Teotonio Borges
- 14 de mai.
- 2 min de leitura
Receber o diagnóstico de epilepsia levanta muitas dúvidas — e uma das mais comuns é: “Vou poder dirigir?”
Essa é uma preocupação legítima, afinal, dirigir exige atenção total, coordenação e controle dos movimentos. Mas a boa notícia é que, em muitos casos, pessoas com epilepsia podem, sim, voltar a dirigir — desde que respeitem regras específicas para garantir a própria segurança e a segurança de todos ao redor.
Neste artigo, explico de forma clara quando a lei permite dirigir e quais cuidados são indispensáveis para quem vive com epilepsia.
Como a epilepsia afeta a capacidade de dirigir?
Durante uma crise epiléptica, a pessoa pode perder a consciência, apresentar movimentos involuntários ou ficar confusa — e se isso acontecer ao volante, o risco de acidentes graves é alto.
Por isso, o direito de dirigir para quem tem epilepsia depende do controle das crises.O objetivo é proteger a vida do motorista e de todos que compartilham o trânsito.
O que a legislação brasileira diz?
Segundo o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e a legislação vigente:
✔️ Pessoas com epilepsia podem obter ou renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) se estiverem sem crises por um período mínimo de 12 meses (1 ano), com controle médico documentado.
✔️ A avaliação médica para renovação ou concessão da CNH deve ser feita por médico especialista (neurologista), que emitirá um laudo atestando o controle da doença.
✔️ Em alguns casos, podem ser exigidos exames complementares ou laudos adicionais, dependendo da gravidade ou do histórico clínico.
✔️ Para motoristas profissionais (categorias C, D e E), as exigências são ainda mais rigorosas.
Quem não pode dirigir?
Infelizmente, existem situações em que dirigir não é seguro, e a pessoa pode ter sua habilitação negada ou suspensa, como:
Crises epilépticas recentes (menos de 1 ano de controle).
Epilepsias de difícil controle, com crises imprevisíveis.
Crises com perda súbita da consciência, sem prévio aviso (sem aura).
Falta de adesão ao tratamento ou crises frequentes mesmo com uso regular de medicamentos.
Nesses casos, o objetivo não é punir, mas sim proteger a vida e a integridade física de todos.

O que é preciso para voltar a dirigir?
Se você tem epilepsia e deseja dirigir, é fundamental:
✔️ Estar sem crises há pelo menos 12 meses.
✔️ Fazer acompanhamento regular com seu neurologista.
✔️ Manter o tratamento em dia (uso correto das medicações).
✔️ Solicitar ao seu médico um laudo detalhado comprovando o controle das crises.
✔️ Apresentar esse laudo no processo de renovação ou obtenção da CNH.
Com responsabilidade e cuidado médico adequado, muitas pessoas com epilepsia conseguem dirigir com segurança.
Um recado importante
Dirigir é uma responsabilidade enorme — e saber reconhecer quando é seguro (e quando não é) faz parte dessa responsabilidade.Em casos de dúvida ou mudança no quadro clínico, o mais importante é conversar com o neurologista antes de assumir o volante.
Cuidar da sua saúde é sempre o primeiro passo para cuidar da sua liberdade com segurança.
Sou Dra. Ariely Teotonio Borges, médica neurologista, e trabalho junto com cada um dos meus pacientes, utilizando estratégias que os ajudem a melhorar sua rotina e qualidade de vida.
📚 Referências:
Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) – Resoluções vigentes sobre avaliação de condutores
Associação Brasileira de Epilepsia (ABE)
UpToDate – Driving and epilepsy
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