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Distonia cervical: sintomas, diagnóstico e opções de tratamento

  • Foto do escritor: Ariely Teotonio Borges
    Ariely Teotonio Borges
  • 22 de jan.
  • 4 min de leitura

A distonia cervical é uma condição neurológica que afeta o controle dos músculos do pescoço, causando movimentos involuntários ou posturas anormais da cabeça. Muitas vezes, é uma condição dolorosa e que pode impactar bastante a qualidade de vida, pois interfere na mobilidade e no conforto de movimentos simples, como olhar para os lados ou manter a cabeça em uma posição neutra.


O que é a distonia cervical?

A distonia cervical é um tipo de distonia focal, ou seja, afeta apenas uma área do corpo, especificamente os músculos do pescoço. Nessa condição, há uma comunicação inadequada entre o cérebro e os músculos, fazendo com que o pescoço se contraia involuntariamente, resultando em posições anormais da cabeça. Os principais sintomas incluem:

  • Movimentos involuntários do pescoço: A cabeça pode ser puxada para um dos lados (torticollis), para trás (retrocollis) ou para frente (anterocollis).

  • Postura anormal: A distonia cervical pode fazer com que a cabeça permaneça em uma posição inclinada, mesmo quando a pessoa tenta endireitá-la.

  • Dor muscular: Devido ao esforço constante dos músculos do pescoço, é comum que os pacientes experimentem dor e tensão muscular, especialmente após tentarem manter a cabeça em uma posição neutra.

  • Tremores na cabeça: Algumas pessoas com distonia cervical apresentam tremores na cabeça que se tornam visíveis durante atividades específicas ou quando estão em repouso.


Quem é mais afetado pela distonia cervical?

A distonia cervical pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais comum em adultos, especialmente entre os 30 e 50 anos. Mulheres têm uma leve predisposição a desenvolver essa condição. Em alguns casos, a distonia cervical pode ser hereditária, mas também pode surgir sem uma causa genética aparente.

Fatores de risco incluem:

  • Histórico familiar: Ter parentes com distonia ou outros distúrbios de movimento pode aumentar o risco.

  • Traumas: Alguns estudos sugerem que traumas na região do pescoço podem desencadear a distonia cervical em pessoas predispostas.

  • Outras condições neurológicas: A presença de outros distúrbios neurológicos pode aumentar o risco de distonia.


Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da distonia cervical é clínico, ou seja, baseia-se principalmente na observação dos sintomas e no histórico do paciente. O especialista – um neurologista com especialidade em distúrbios de movimento – avalia os padrões de movimento e postura, observando se há sinais de contração involuntária dos músculos do pescoço.

  1. Histórico médico detalhado: O neurologista pode perguntar sobre quando os sintomas começaram, a intensidade da dor e se existe alguma relação com traumas ou histórico familiar de distúrbios neurológicos.

  2. Exames complementares: Embora a distonia cervical seja geralmente diagnosticada clinicamente, o médico pode solicitar exames como ressonância magnética (RM) para descartar outras condições neurológicas que possam causar sintomas semelhantes, como lesões estruturais na coluna cervical ou no sistema nervoso.

  3. Testes específicos: Em alguns casos, são realizados exames eletromiográficos para avaliar a atividade muscular do pescoço e identificar os músculos específicos envolvidos na distonia.


Tratamento da distonia cervical

Embora a distonia cervical não tenha cura, diversos tratamentos podem ajudar a controlar os sintomas, aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida.

1. Toxina botulínica (Botox) - a aplicação de toxina botulínica é um dos tratamentos mais eficazes para a distonia cervical. A toxina age diretamente nos músculos afetados, bloqueando temporariamente a liberação de substâncias que causam as contrações musculares. Dessa forma, ela relaxa o músculo e reduz tanto a dor quanto a postura anormal.

  • Como funciona: O Botox é injetado diretamente nos músculos do pescoço que estão envolvidos na distonia. A aplicação costuma ser feita em intervalos de 3 a 4 meses e, geralmente, os efeitos começam a ser percebidos após uma semana.

  • Duração dos efeitos: Os efeitos duram, em média, de 3 a 4 meses, e a aplicação precisa ser repetida para manter os resultados.

2. Medicamentos orais- em alguns casos, medicamentos orais podem ser usados para complementar o efeito do Botox ou para aliviar os sintomas em pacientes que apresentam dor intensa ou outros sinais neurológicos associados.

  • Relaxantes musculares: Podem ser utilizados para diminuir a tensão muscular e melhorar a amplitude de movimento do pescoço.

  • Anticolinérgicos e benzodiazepínicos: São usados em alguns casos para controlar os tremores e espasmos associados.

3. Fisioterapia e exercícios específicos- para pacientes que apresentam restrição de movimento ou dor residual, fisioterapia especializada pode ser recomendada. Os exercícios específicos podem ajudar a aliviar a dor e melhorar a mobilidade. Em muitos casos, o fisioterapeuta trabalha em conjunto com o neurologista para criar um plano de tratamento personalizado.


Dicas para lidar com a distonia cervical no dia a dia

Além do tratamento médico, alguns ajustes na rotina podem ajudar a reduzir os impactos da distonia cervical:

  • Postura: Manter uma postura correta ao longo do dia pode ajudar a reduzir a pressão sobre os músculos do pescoço.

  • Práticas de relaxamento: Técnicas de relaxamento, como meditação e ioga, podem ajudar a reduzir o estresse, que, em alguns casos, pode piorar os sintomas da distonia.

  • Evitar atividades extenuantes: Atividades que sobrecarregam os músculos do pescoço podem piorar a dor. Evite posições prolongadas que aumentem a rigidez muscular.

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Quando consultar um especialista?

Se você ou alguém próximo apresenta sintomas que sugerem distonia cervical, é essencial procurar um neurologista especializado em distúrbios de movimento. Esse profissional pode orientar sobre o diagnóstico e indicar o tratamento mais adequado, que, em muitos casos, inclui a aplicação de botox para alívio dos sintomas.

A distonia cervical pode ser uma condição desafiadora, mas, com o tratamento adequado, é possível alcançar uma melhora significativa na qualidade de vida. O uso da toxina botulínica tem sido amplamente estudado e se mostrou eficaz em muitos casos, proporcionando alívio da dor e melhora na funcionalidade.


Sou Dra. Ariely Teotonio Borges, médica neurologista especialista em distúrbios do movimento, e trabalho junto com cada um dos meus pacientes, utilizando estratégias que os ajudem a melhorar sua rotina e qualidade de vida.



Fontes:

  • Mayo Clinic

  • Cleveland Clinic

  • National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS)

  • American Academy of Neurology (AAN)

  • U.S. National Library of Medicine

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