Doença de Huntington: sintomas, causas, hereditariedade, tratamento e cura
- Ariely Teotonio Borges
- 28 de mai.
- 3 min de leitura
A Doença de Huntington é uma condição neurológica rara, mas extremamente séria, que provoca alterações no movimento, na cognição e no comportamento ao longo do tempo.
Ela é frequentemente chamada de “doença hereditária dos movimentos involuntários”, mas vai muito além disso: afeta toda a vida da pessoa e de sua família.
Neste artigo, explico de forma clara o que é a Doença de Huntington, seus sinais, causas, se tem cura, se é hereditária e como é feito o tratamento.
O que é a Doença de Huntington?
A Doença de Huntington é uma doença genética degenerativa do sistema nervoso central.
Ela causa a morte progressiva de células cerebrais, especialmente em áreas relacionadas ao controle dos movimentos, às emoções e às funções cognitivas.
Os sintomas geralmente começam entre os 30 e 50 anos de idade, mas também podem surgir mais cedo (forma juvenil) ou mais tarde.
É uma doença crônica, que progride ao longo dos anos e exige acompanhamento médico multidisciplinar.
Quais são os sinais da Doença de Huntington?
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem:
🧠 Alterações motoras
Movimentos involuntários como espasmos, contorções ou movimentos bruscos sem controle.
Rigidez muscular e lentidão dos movimentos em fases mais avançadas.
Dificuldade para caminhar, manter o equilíbrio e realizar atividades motoras finas.
🧠 Alterações cognitivas
Dificuldade de concentração e organização.
Perda de memória recente.
Dificuldade em tomar decisões e resolver problemas.
Lentidão no raciocínio.
🧠 Alterações psiquiátricas e comportamentais
Depressão, irritabilidade e mudanças bruscas de humor.
Apatia, isolamento social.
Comportamento impulsivo ou agressivo em alguns casos.
Ideias suicidas podem surgir e devem ser levadas muito a sério.
⚠️ Com o avanço da doença, a comunicação verbal, a capacidade de engolir e a autonomia para atividades básicas também podem ser afetadas.
O que causa a Doença de Huntington?
A doença é causada por uma mutação genética no gene HTT, localizado no cromossomo 4, que codifica a proteína huntingtina.
Essa mutação faz com que a proteína se torne tóxica para as células nervosas, levando à degeneração progressiva.
Essa mutação é hereditária, e a forma mais comum de transmissão é autossômica dominante:
ou seja, basta herdar uma cópia do gene alterado de um dos pais para desenvolver a doença.
A Doença de Huntington é hereditária?
Sim, é uma doença genética hereditária.
Se um dos pais tem a mutação no gene HTT, cada filho tem 50% de chance de herdar a mutação e, consequentemente, desenvolver a doença em algum momento da vida.
Existem exames genéticos capazes de identificar a mutação, tanto para diagnóstico em pessoas já sintomáticas quanto para teste preditivo em familiares.
O aconselhamento genético é fundamental para famílias com histórico da doença.

Tem cura?
Atualmente, a Doença de Huntington não tem cura.
Trata-se de uma condição neurodegenerativa progressiva, e os tratamentos disponíveis hoje têm o objetivo de:
✔️ Controlar os sintomas motores, cognitivos e psiquiátricos.
✔️ Melhorar a qualidade de vida.
✔️ Prolongar o tempo de autonomia funcional.
A ciência avança muito nessa área, com pesquisas em andamento para terapias gênicas e medicamentos que possam modificar o curso da doença no futuro.
Como é feito o tratamento?
O tratamento é multidisciplinar e individualizado, podendo envolver:
✔️ Medicamentos para controlar os movimentos involuntários (como tetrabenazina ou deutetrabenazina).
✔️ Antidepressivos ou estabilizadores de humor para sintomas emocionais.
✔️ Terapias cognitivas para estimular funções mentais.
✔️ Fisioterapia para manter a força muscular e a mobilidade.
✔️ Fonoaudiologia para ajudar na fala e na deglutição.
✔️ Nutrição para prevenir perda de peso, que é comum à medida que a doença avança.
✔️ O suporte psicológico para o paciente e para a família também é parte essencial do cuidado.
Conclusão
Receber o diagnóstico de Doença de Huntington é um impacto grande, mas informação e planejamento fazem toda a diferença. Com acompanhamento adequado e suporte especializado, é possível manter a autonomia e a qualidade de vida por muitos anos.
Sou Dra. Ariely Teotonio Borges, médica neurologista, e trabalho junto com cada um dos meus pacientes, utilizando estratégias que os ajudem a melhorar sua rotina e qualidade de vida.
📚 Referências:
Huntington’s Disease Society of America (www.hdsa.org)
Mayo Clinic – Huntington’s disease overview
UpToDate – Huntington disease: Clinical features and diagnosis
National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS)
Comentários