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Cefaleia em Salvas: entenda a dor de cabeça mais intensa

  • Foto do escritor: Ariely Teotonio Borges
    Ariely Teotonio Borges
  • 25 de set. de 2024
  • 4 min de leitura

A cefaleia em salvas é um tipo de dor de cabeça extremamente intensa e debilitante, considerada uma das piores dores que o ser humano pode sentir. As crises são tão severas que muitos pacientes descrevem a sensação como se fosse uma "facada" ou uma dor excruciante que irradia do olho para o lado da cabeça.

Embora seja um tipo de dor de cabeça menos frequente que a enxaqueca, por exemplo, ela impacta fortemente a qualidade de vida dos pacientes e requer um diagnóstico e tratamento adequados. Vamos entender mais sobre o que é a cefaleia em salvas, como ela se manifesta, suas causas e como pode ser tratada.


O que é a cefaleia em salvas?

A cefaleia em salvas é um tipo de dor de cabeça que ocorre em ciclos ou "salvas", com episódios de dor que podem durar semanas ou meses, seguidos por longos períodos de remissão, onde não há crises. Ela é caracterizada por crises de dor intensa, que afetam principalmente um dos lados da cabeça, ao redor ou por trás de um olho. A dor geralmente aparece de repente, atinge o pico em poucos minutos e pode durar de 15 minutos a 3 horas.

Esse tipo de cefaleia é mais comum em homens, especialmente entre os 20 e 40 anos, embora também possa afetar mulheres. As crises podem ocorrer até várias vezes por dia durante os períodos ativos, sendo um dos principais fatores que tornam essa condição tão debilitante.


Como a cefaleia em salvas se manifesta?

A dor da cefaleia em salvas é descrita como extremamente intensa, afetando um lado da cabeça, principalmente ao redor ou atrás de um olho. Além da dor lancinante, outros sintomas acompanham as crises, como:

  • Lacrimejamento intenso no olho do lado afetado;

  • Olho vermelho ou inchado;

  • Coriza ou congestão nasal no lado afetado;

  • Sudorese facial;

  • Pupila contraída e queda da pálpebra;

  • Sensação de inquietação ou agitação.

Diferente de pessoas com enxaqueca, que costumam preferir repousar em um ambiente silencioso e escuro, pacientes com cefaleia em salvas muitas vezes se mostram agitados, andando de um lado para o outro ou pressionando a cabeça em busca de alívio.

Outro aspecto característico dessa condição é que as crises costumam ocorrer em horários previsíveis, com muitos pacientes relatando que os episódios de dor ocorrem sempre no mesmo horário do dia ou da noite, frequentemente despertando-os durante o sono.


Causas da cefaleia em salvas

Apesar de ser uma condição muito estudada, as causas exatas da cefaleia em salvas ainda não são completamente compreendidas. Contudo, estudos indicam que a dor pode estar relacionada a uma disfunção no hipotálamo, uma região do cérebro responsável por regular os ritmos biológicos, como o sono e o apetite.

Além disso, fatores como predisposição genética e o envolvimento do nervo trigêmeo (nervo responsável pela sensibilidade do rosto e da cabeça) também podem estar associados ao desencadeamento das crises. Algumas pesquisas sugerem que a cefaleia em salvas pode ser agravada por gatilhos como:

  • Consumo de álcool;

  • Tabagismo;

  • Exposição a cheiros fortes (como perfumes ou produtos de limpeza);

  • Mudanças no clima ou estações do ano;

  • Estresse emocional e distúrbios do sono.

Embora esses fatores possam desencadear crises, eles não são considerados causas diretas da cefaleia em salvas.

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Diagnóstico da cefaleia em salvas

O diagnóstico da cefaleia em salvas é clínico, ou seja, baseado no relato dos sintomas e na descrição das crises pelo paciente. Um neurologista geralmente investiga o padrão das dores, a frequência e a duração das crises, além de possíveis gatilhos. Para descartar outras condições, como tumores cerebrais ou aneurismas, exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada, podem ser solicitados.

É importante que o diagnóstico seja feito por um especialista, já que a cefaleia em salvas pode ser confundida com outros tipos de dor de cabeça, como enxaquecas, sinusites ou até mesmo nevralgias.

Segundo as diretrizes da International Headache Society, o diagnóstico de cefaleia em salvas é confirmado quando o paciente apresenta:

  • Dores extremamente intensas e unilaterais (de um lado da cabeça);

  • Crises com duração de 15 minutos a 3 horas;

  • Sintomas associados, como lacrimejamento, vermelhidão ocular, coriza e agitação.


Tratamento da cefaleia em salvas

O tratamento da cefaleia em salvas é dividido em dois tipos: ataque e preventivo. O tratamento de ataque visa interromper a dor no momento da crise, enquanto o preventivo tem o objetivo de reduzir a frequência e a intensidade das crises.

Tratamento de ataque

Durante uma crise de cefaleia em salvas, a dor pode ser insuportável. Por isso, o tratamento deve ser rápido e eficaz. Os principais tratamentos abortivos incluem:

  • Triptanos: Medicamentos usados para enxaquecas, administrados via nasal ou subcutânea, podem reduzir rapidamente a dor.

  • Lidocaína nasal: Um anestésico aplicado diretamente nas narinas pode proporcionar alívio rápido.

  • Estimulação do nervo vago: Um dispositivo não invasivo que aplica pequenas descargas elétricas no nervo vago, localizado no pescoço, pode ser eficaz em crises mais resistentes.


Tratamento preventivo

Para pacientes que apresentam crises frequentes, o tratamento preventivo é fundamental. Ele inclui:

  • Bloqueadores de canal de cálcio, como verapamil, que são eficazes na redução das crises.

  • Lítio: Usado em casos crônicos, o lítio pode ser útil na prevenção das crises.

  • Anticonvulsivantes, como valproato, também são indicados para reduzir a recorrência das crises.


Em casos mais graves, em que as crises não respondem ao tratamento convencional, bloqueios anestésicos ou procedimentos cirúrgicos, como a estimulação do nervo occipital ou a estimulação cerebral profunda, podem ser indicados.


Vivendo com cefaleia em salvas

Além do tratamento médico, é importante adotar algumas mudanças no estilo de vida para minimizar os gatilhos das crises. Evitar o consumo de álcool, interromper o tabagismo e manter uma rotina de sono saudável são fundamentais para evitar novos episódios de dor.

Se você ou alguém que conhece sofre com cefaleia em salvas, é essencial buscar um acompanhamento neurológico especializado. Embora essa condição seja extremamente dolorosa, há tratamentos eficazes disponíveis que podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.


Sou Dra. Ariely Teotonio Borges, médica neurologista e trabalho junto com cada um dos meus pacientes, utilizando estratégias que os ajudem a melhorar sua rotina e qualidade de vida.




Referências:

  1. Mayo Clinic

  2. American Migraine Foundation

  3. Harvard Health Publishing

  4. Cleveland Clinic

  5. The Lancet


 
 
 

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